Os 15 quilômetros da São Silvestre serão disputados apenas no dia 31 de dezembro, quando as cerca de 30 mil pessoas inscritas correrão a 93ª edição da tradicional corrida em São Paulo. Porém, a competição já começou para um grupo de pelotenses que se prepara para participar.

A corredora Andrea Mathias, que desde 2004 pratica o maratonismo, lidera um grupo de mais de 30 pessoas que irá da Região Sul a São Paulo, por intermédio do coletivo Corra Pelotas. Segundo ela, são cerca de 20 pelotenses, com o restante das pessoas vindo de municípios como Rio Grande e São Lourenço do Sul.

Ela conta que a maioria dos corredores faz isso por hobby, sem patrocínios. Apenas alguns conseguem apoiadores pontuais. Por isso, a ida está sendo organizada por meio de um pacote de viagens, bancado pelos próprios atletas. "A gente aproveita para passear, correr e unir o útil ao agradável", comenta a corredora.

Em 2015 esse grupo já participou da São Silvestre. Além disso, eles já foram a outras corridas de importância no país, como a Meia Maratona do Rio, em 2012 e 2014, e a volta da Pampulha, em 2016 e 2017; e até mesmo a maratona de Santiago do Chile neste ano, algo que já planejam repetir no próximo ano. Andrea conta que corridas na região também servem para manter a forma e o ritmo competitivo, como a Corrida da Lagoa, em novembro.

Os objetivos também são variados. Ela conta que cada atleta traça sua própria meta. Alguns pretendem bater marcas pessoais, e outros participarão com o objetivo de finalizar a prova, já que muitos são novatos no maratonismo.

Rotina de treinos
A rotina dos atletas que participarão segue uma planilha de exercícios passados por educadores físicos. A coordenadora do grupo Viva Run/Fit 2k, Juliana Krüger, levará sete alunos, que estão em rotina final de treinos. Ela é educadora física e também irá participar na que será sua segunda São Silvestre.

Na edição de 2015 Juliana terminou na posição 172 da corrida feminina, dentre 6.645 corredoras que concluíram a prova, com um tempo de uma hora e 22 minutos, e tem como objetivo terminar a prova em uma colocação ainda melhor. Ela conta que os exercícios estão fazendo sua marca melhorar em outras corridas com a mesma distância.

Quanto aos objetivos, Juliana explica que os atletas são em sua maioria amadores, e que qualquer objetivo alcançado já é um sucesso. "Nós somos desportistas, não atletas. Não nos dedicamos exclusivamente ao esporte", conclui.

Os treinos ocorrem durante o ano inteiro, e incluem três ou quatro corridas semanais, longas e curtas, dentro da meta de cada atleta. Corridas de rua e esteira, alongamentos musculares e musculação estão entre as principais atividades preparatórias, de acordo com a educadora. O calor excessivo e o clima seco de São Paulo serão adversários dos pelotenses na corrida, e Juliana Krüger alerta para a necessidade de incluir isso no preparo.

Outra corredora que irá participar é Luciléia Soares. Ela segue a rotina preestabelecida por planilhas, e planeja os treinos finais para dezembro. Já Andrea Mathias conta que mantém sua rotina praticando o esporte, correndo de seis a dez quilômetros por dia, em locais como a praia do Laranjal.

Espaço
Durante a demonstração de uma rotina de treinos, Juliana Krüger comentou os obstáculos que os corredores encontram na busca por espaço. As ciclovias acabam sendo um dos meios mais utilizados, mas a dificuldade de dividir espaço com as bicicletas por vezes atrapalha. Os carros também acabam sendo um problema na luta por espaço.

Apesar desse problema, ela elogia as ações do Poder Público, que organizou diversas corridas gratuitas na cidade este ano, algo que ajuda ainda mais a incentivar o esporte na região. "Para ir, precisa apenas de um tênis e da vontade de correr", brinca.

A São Silvestre
A corrida ocorre tradicionalmente no dia 31 de dezembro, desde 1925. Organizada pelo jornalista Casper Líbero e pelo jornal Gazeta Esportiva, chega à 93ª edição de forma ininterrupta. O tamanho do percurso sofreu diversas mudanças, estabelecendo-se com 15 quilômetros ao longo dos anos 1990.

Os atuais campeões são Leul Aleme, da Etiópia, no masculino, e Jemima Sumgong, do Quênia, no feminino. Os últimos brasileiros a vencer a corrida foram Marilson Gomes dos Santos, em 2010, e Lucélia Peres, em 2006. Mesmo com tantos anos sem títulos, o Brasil segue como o país mais vencedor na categoria masculina, com 29 vitórias. Já na categoria feminina, o Quênia, com 12 vitórias, é o país mais vencedor, com o Brasil em terceiro lugar, com cinco títulos.